Querido(a) leitor(a),
Mais uma vez tenho a alegria de me dirigir a você através do Jornal Servindo da nossa querida Diocese de Campo Mourão. Queremos continuar a nossa reflexão sobre o tema da espiritualidade.
Não há dúvida de que precisamos ser homens e mulheres inteligentes! Por isso é importante estudar muito e levar a sério as oportunidades que Deus nos dá para conhecer. Precisamos ser muito próximos das pessoas. Precisamos ser dinâmicos no modo de apresentar o Evangelho e a pessoa de Jesus. Precisamos acolher a todos, pobres e ricos, bonitos e feios, simpáticos e difíceis de lidar. Mas tudo isso é muito pouco se Deus não for uma certeza para nós. Tudo é vazio e leva ao vazio se não formos homens e mulheres de Deus, homens e mulheres contemplativos, homens e mulheres de oração.
É de homens e mulheres de Deus, enxertados na experiência de Deus, profundamente enraizados no Evangelho, que a Igreja e o mundo de hoje precisam.
Dom Cláudio Hummes falou assim uma vez:
“Em nossa vida cotidiana, por sua vez, somos constantemente solicitados, atarefados, com mil coisas a fazer, com agenda sobrecarregada, estressados e convidados a assumir mais e mais coisas, encargos e responsabilidades. No final de um ano, constatamos que conseguimos cumprir um colossal programa de tarefas de toda sorte, mas nos perguntamos se valeu a pena e se não deixamos de realizar o único necessário a ser feito, segundo o ensinamento de Jesus a Marta e Maria: ‘Marta, Marta, tu te inquietas e te agitas por muitas coisas; no entanto, pouca coisa é necessária, até mesmo uma só. Maria, com efeito, escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada’ (Lc 10,41-42). Por isso, é necessário retirar-se, fazer silêncio, meditar e abrir-se a Deus para confrontar nossa vida com o único necessário” (Sempre Discípulos de Cristo, p. 11).
De nossa experiência contemplativa é o que precisam o mundo e as pessoas do nosso tempo. Mas atenção para esta realidade:
“Cada um é chamado a ser contemplativo de um modo que lhe é próprio. Cada um deve praticar a memoria Dei, e isto não quer dizer que ele deva pensar continuamente em Deus de modo ativo, mas que deve espontaneamente fazer referência a Deus em tudo o que pensa, faz e acontece... Todos aqueles que têm muito a fazer a serviço da comunidade devem se esforçar para conservar suficiente tempo para a oração, a leitura e a meditação. Mas isso não é suficiente e nem mesmo é o essencial. O essencial é que toda nossa atividade seja enraizada numa oração contemplativa, realizada num clima e num espírito de oração, e nos leve sem cessar a ela” (D. Armand Veilleux, à comunidade de Scourmont, Bélgica em 11/4/1999).
Na abadia de Gethsemani, no dia 25 de julho de 1996, o mesmo monge disse:
“Uma pessoa contemplativa não é só aquela que vê Deus, isto é, que vê Deus em tudo e em cada um, mas também uma pessoa que vê tudo e cada um com os olhos de Deus. A pessoa contemplativa é aquela que está profundamente presente a tudo que ele ou ela vive e experimenta.”
Enfim, podemos dizer com Santo Thomas de Aquino que “na medida em que o homem é um contemplativo, torna-se mais do que um homem”.
Em síntese, dissemos:
precisamos ser homens e mulheres contemplativos, ou seja, que vivam em Deus e façam ver Deus;
Cada um é chamado a ser contemplativo do modo que lhe é próprio;
Tudo o que vivemos deve estar enraizado em Deus;
Olhar as coisas e pessoas com os olhos de Deus é a exigência atual.
Em nossa caminhada de fé, sejamos homens e mulheres que olham tudo e todos com os olhos de Deus!
