04 de Stembro de 2024

"O SIM QUE SE DEU UMA VEZ, É O SIM PARA TODA A VIDA."

“Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8b)

O chamado feito por Deus e o “sim” do vocacionado se renovam e são para todo o sempre.

Quero aqui afirmar a verdade dessas palavras descrevendo brevemente a minha própria experiência vocacional:

Ainda sob o pastoreio de Dom Virgílio de Pauli, em 1997, passando pelo estágio vocacional, pude experimentar a realidade e intensidade do chamado de Deus. Vem-me a memora o momento e até mesmo o local em que a resposta se deu. Dentro do ônibus, retornado para casa, ressoava em meus ouvidos um canto que inúmeras vezes foi repetido nas celebrações daqueles dias. O canto dizia no seu refrão: “O Senhor me chamou e eu respondi, eis-me aqui Senhor”. Mal sabia eu, que anos mais tarde, sem nem me recordar desse episódio, essa passagem seria definida de forma providencial, como lema de ordenação: “Eis-me aqui, envia-me”.

Revestido do precioso dom do sacerdócio no dia 25 de fevereiro de 2007, sem nunca imaginar um dia passar pela experiência de missão em terras distantes e desconhecidas. Dom Mauro Aparecido dos Santos, nosso 3º bispo diocesano, já muito antes sinalizava que o futuro seria a missão em terras nordestinas, na Diocese de Serrinha. Mais uma vez a resposta estava dada: “Eis-me aqui, envia-me”. Foram cinco anos de aprendizados, muitos desafios e intensa experiência de Deus.

Concluído este tempo, mesmo havendo ainda necessidade e até mesmo vontade de permanecer na missão, Dom Francisco Javier Delvalle Paredes, na ocasião, nosso 4º bispo diocesano, pediu-me que retornasse à diocese mãe. Considerando o sentido de pertença e principalmente o voto de obediência, novamente a resposta foi dada: “Eis-me aqui, envia-me”.

De volta à nossa diocese, na continuidade do ministério e da missão, vivenciamos mais uma vez a transição e sucessão episcopal. Com o pedido de renúncia por idade, de Dom Francisco, assume a diocese como o 5º bispo diocesano, Dom Bruno Elizeu Versari.

Desse modo, tendo passado o tempo de um ano do seu ministério, conforme orientações canônicas, fez-se necessária a escolha do Vigário Geral da diocese. Dom Bruno convidou-me para a referida função, e vendo a minha surpresa e espanto, de imediato me disse: “o sim já foi dado lá atrás”. Diante destas palavras, com apreensão e temor, retomando a confiança, assim como antes, a resposta foi dada: “Eis-me aqui, envia-me”.

Por sete anos, tempo do seu pastoreio, nos momentos de sua ausência, exerci a tarefa de ocupar-me daquilo e com aquilo que a ele competia. Foi, sem dúvidas, um período de aprendizado e crescimento. E quando pensei que não me seria mais exigida tal resposta, eis que a diocese entra, mais uma vez, em estado de vacância.

Dom Bruno deixa nossa diocese, sendo transferido para a diocese de Ponta Grossa. E diante dessa realidade, conforme pede e orienta o Código de Direito Canônico, reuniu-se no dia 12 de agosto, nas dependências da Cúria Diocesana, o Colégio de consultores com a missão de eleger o Administrador Diocesano. Após a oração e breve reflexão, por votação secreta, realizou-se a eleição que me definiu como escolhido para a função. Lá estava eu, pela quinta vez, diante da mesma realidade, em que a resposta já fora dada: “Eis-me aqui, envia-me”.