“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito” (Rm 12,2).
Com a chegada da pandemia muitos paradigmas na Pastoral da Igreja acabaram se apressando. Gosto de reportar a Exortação Apostólica do Papa Francisco, Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), no número 33 que diz: “A pastoral em chave missionária exige o abandono deste cômodo critério pastoral: ‘fez-se sempre assim’. Convido todos a serem ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respectivas comunidades”.
Alguns paradigmas que se impõem:
A Iniciação à Vida Cristã propõe um itinerário ao catecúmeno na caminhada de fé. Jesus caminhou com os discípulos de Emaús e enquanto caminhavam Ele lhes explicava as Escrituras e seus olhos se abriram e depois de alimentados da Palavra e do Pão foram correndo contar para os outros (cf. Lc 24,13-35). Essa experiência deve se reproduzir nas pequenas comunidades aonde o catequista caminha com o catecúmeno, explicando as Escrituras, para um encontro com Cristo.
O Documento de Aparecida, é enfático ao falar da urgência de assumirmos o processo iniciático na evangelização: “ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando as para seu seguimento, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora” (CNBB, Doc. 107, n. 116).
A Pastoral Familiar convida a repensar os “cursos de noivos” que não atendem mais os desafios de hoje. A Exortação Apostólica Pós-sinodal do Papa Francisco “Amoris Laetitia” (A alegria do amor), no número 210, diz: “infelizmente, muitos chegam às núpcias sem se conhecer. Limitam-se a divertir-se juntos, a fazer experiências juntos, mas não enfrentam o desafio de se manifestar a si mesmos e aprender quem é realmente o outro”. Logo em seguida diz o Papa: “a preparação próxima como o acompanhamento mais prolongado devem procurar que os noivos não considerem o matrimônio como fim do caminho, mas assumam como uma vocação que os lança para diante, com a decisão firme e realista de atravessarem juntos todas as provações e momentos difíceis”. (n. 211).
Pensando nisso a Comissão Nacional da Pastoral Familiar propõe um “Itinerário Vivencial” com 8 encontros para ajudar os noivos na preparação para o sacramento do matrimônio. Aquele “encontrão” de noivos não deverá acontecer mais. Agora o acompanhamento é personalizado, um casal da pastoral, acompanha um casal de noivos.
A catequese para as crianças assume uma nova dinâmica. Os catequistas ajudam os pais na realização dos votos do dia do casamento. “Educar os filhos na fé”. Assim, os primeiros catequistas das crianças são os próprios pais. O empenho da Igreja, da catequese e dos catequistas, é oferecer conteúdo de fé aos pais, e esses por sua vez, repassam para os filhos.
O novo Diretório para a Catequese no número 226 diz: “o futuro das pessoas, da comunidade humana e da comunidade eclesial dependem em grande parte da família, da célula fundamental da sociedade”. Porque “diante das famílias e no meio delas, deve ressoar sempre de novo o primeiro anúncio, que é o mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, mais necessário e deve ocupar o centro da atividade evangelizadora” (Diretório da Catequese, n. 230).
O Dízimo que sempre foi a manifestação de amor a Deus e participação na comunidade de fé, torna-se um grande desafio, pois muitos estão privados de participarem em suas comunidades. Diante de tantas dificuldades que o povo atravessa a Pastoral do Dízimo precisou repensar novos meios para que os fiéis pudessem devolver seu Dízimo. Além daqueles que podem ir na igreja ou na secretaria paroquial, hoje temos a facilidade do PIX.
Cada paróquia disponibiliza para seus paroquianos uma chave, um código e assim o fiel pode manifestar sua profunda corresponsabilidade na missão, no atendimento aos pobres e na manutenção da sua comunidade paroquial.
A Evangelização através das mídias. Com a chegada da pandemia a Pastoral da Comunicação da Diocese e de cada paróquia teve que se reestruturar para atender aos desafios de evangelizar pelos meios de comunicação.
Como percebemos, a pandemia trouxe muitas mudanças para a sociedade, e na Igreja não será diferente. Temos que adaptar às novas realidades, como era, não volta mais, novos desafios surgem na missão de evangelizar. Para quem é de fé, basta confiar que é o Espírito Santo quem conduz a Igreja. Com certeza conduzirá por caminhos seguros, porque o Senhor caminha conosco. Não nos esqueçamos, do que nos diz Jesus: não tenham medo “eu estarei convosco todos os dias até os confins do mundo” (Mt 28,20).
09 de Junho de 2021