Quarta-feira de Cinzas

26 de Fevereiro de 2020

Quarta-feira de Cinzas

Durante quarenta dias a Igreja se une à Cristo no deserto, com o intuito de preparar a festa maior: a Páscoa. Anualmente os cristãos reuniam-se para celebrar a Ressurreição de Cristo; também aos domingos reuniam para celebrar o mistério pascal de Cristo. Em meados do século II, iniciava-se um movimento em preparação para a celebração da Páscoa anual, que tinha como ponto alto o jejum. Por volta do século IV, já temos definidos os quarenta dias de preparação. Sendo assim, havia uma ligação da prática da reconciliação dos penitentes com a preparação para o batismo. Na Constituição Dogmática Sacrossanctum Concilium, temos uma retomada no sentido antigo da quaresma como está prescrito no nº 109: “... esclareça-se melhor a dupla índole do tempo da quaresma, que principalmente pela lembrança ou preparação do batismo e pela penitência”.

            Como elementos característicos, apresentamos: o jejum, esmola e oração. O jejum nos faz lembrar a fragilidade humana, nos ajudará a colocar nas mãos de Deus nossas más inclinações, vencendo as tentações, assim como Jesus venceu o diabo no deserto realizando os desígnios do Pai. A esmola é fruto do jejum e abstinência quaresmal, que consistirá na abertura de coração e prática da caridade, seja na ajuda espiritual quanto às necessidades materiais. A oração, como cristãos sabemos que de Deus viemos e para Deus voltaremos, por isso, este é um tempo favorável para a oração, aprofundando-nos nela, somos capazes de compreender a vontade de Deus em nossa vida.

            O Tempo da Quaresma que se inicia com a quarta-feira de cinzas, possuiu seis domingos, haja vista que, o sexto domingo se celebra o Domingo de Ramos, iniciando assim a Semana Santa.

            A Quarta-feira de Cinzas foi instituída há muito tempo na Igreja; dia que marca o início da Quaresma, tempo de penitência e oração mais intensa. Para os antigos judeus, sentar-se sobre as cinzas já significava arrependimento dos pecados e volta para Deus. As cinzas bentas e colocadas sobre as nossas cabeças nos fazem lembrar que vamos morrer, que somos pó e ao pó da terra voltaremos (cf. Gn 3, 19), para que nosso corpo seja refeito por Deus de maneira gloriosa, para não mais perecer.

Mediante o objetivo que temos de caminhar nos passos do Senhor, deste modo, segue algumas orientações para nossas comunidades, observando as prescrições da Instrução Geral do Missal Romano:

*O jejum, esmola e oração, devem ser intensificados;

*A Campanha da Fraternidade tem a finalidade de vivenciar e assumir a dimensão comunitária e social, iluminando os gestos litúrgicos do jejum, esmola e oração;

*Proíbe-se a ornamentação do altar com flores, exceto, porém, no domingo Laetare (IV domingo da quaresma), bem como nas solenidades e festas, porém, seja uma ornamentação sóbria (IGMR 305);

*A cor é roxa. No domingo Laetare pode-se usar cor-de-rosa, onde for costume (IGMR 348f);

*O ato penitencial, pode ser substituído pela aspersão, enfatizando os sacramentos do batismo e da penitencia;

*Omite-se o Hino do Glória, salvo nas solenidades e festas, e celebrações especiais;

*O cuidado na proclamação das leituras, este é um tempo propício para a meditação e escuta atenta da palavra. O bom preparo dos leitores é fundamental;

*Não contém o Aleluia no canto de Aclamação ao Evangelho;

*Nas celebrações da Palavra, seja sóbrio o momento de louvor, o mesmo se diga das adorações e momentos de louvor dos movimentos da Igreja;

*Os cantos sejam seguidos de acordo com o Hinário da Quaresma, sejam solenes e alegres, mas sem excessos. É bom evitar as palmas, reduzir o uso das percussões;

*Que sejam valorizados os momentos de silêncio;


Por fim, queremos com essas reflexões auxiliar a caminhada de oração do povo de Deus. A Igreja, neste tempo sagrado, tempo de retiro comunitário, reza com mais intensidade, mas o faz de forma sóbria e essencial – é tempo de deserto! – preparando-se assim, para ressurgir com Cristo na celebração da Páscoa.


Pe. Wesley de Almeida