01 de Outubro de 2021

"A conversão pastoral - parte 2"

Nos dias 24 e 25 de setembro participamos da 41ª Assembleia do Povo de Deus do Regional Sul 2. Ao todo eram 463 pessoas, e da nossa Diocese eram 43 pessoas. Os temas de inspiração para os trabalhos foram: Iniciação à Vida Cristã, Amoris Laetitia e Ano de São José. O Assessor foi Dom Ricardo Hoepers. Além da avaliação da caminhada da Igreja em tempo de pandemia também olhamos para frente. Como será a retomada das atividades em nossas comunidades para o próximo ano?

A indicação de retomar a Iniciação à Vida Cristã; a implantação de itinerários para preparação de jovens para o sacramento do matrimônio; o itinerário de preparação dos pais e padrinhos para batismo de crianças; a acolhida e escuta dos fiéis; a missionariedade da Igreja; a importância da família na pastoral da Igreja; como enfrentar as novas fronteiras da evangelização na Igreja; os desafios da linguagem;  a formação de lideranças; o desafio de viver a transparência na Igreja, etc., foram algumas propostas e desafios mais indicados para o próximo ano.

Neste artigo proponho uma reflexão sobre a importância da Paróquia na missão evangelizadora da Igreja para os dias de hoje.

O valor da paróquia na missão evangelizadora para os dias de hoje

A paróquia é chamada a acolher os desafios dos novos tempos. Ela deve estar atenta às necessidades dos fiéis e proporcionar condições de atendê-los. Os atendimentos nas secretarias paroquiais não podem ser meramente primários. Eles são espaços privilegiados de acolhida e de encaminhamento dos fiéis. Para os dias de hoje é necessário um renovado dinamismo, uma nova mentalidade da missão. Secretaria paroquial não deve ser como um balcão comercial, mas sim como um centro de evangelização que permita cada batizado a descobrir sua vocação de ser discípulo de Jesus e missionário do Evangelho, à luz dos documentos da Igreja.

Para os nossos dias a Paróquia é chamada a vencer grandes paradigmas que hoje não atendem mais. Sempre foi assim. Porque mudar? O fato é que se a Igreja se não der condições dos fiéis darem razões à sua fé, dificilmente sobreviverá. Em nossos dias os fiéis não se tornam cristãos porque os pais levaram na igreja para serem batizados. Eles se tornam cristãos a partir de uma experiência profunda e intensa de Jesus. Não é mais por herança de família, mas fruto de uma experiência, de um encontro.

Os discípulos de Jesus depois de terem encontrado com Ele, nada os segurou mais. Nem o cansaço ou a distância. O sofrimento ou a morte. Nada os separou daquela experiência do Encontro com Ele.

Em nossas paróquias um grande paradigma é passar de uma igreja conservadora para uma igreja eminentemente missionária e em saída. Secretaria paroquial não é balcão, mas sim local de evangelização.

A nossa proposta é organizar a paróquia em rede de comunidades missionárias e nas pequenas comunidades realizar a Iniciação a Vida Cristã para todos os fiéis em todas as idades. Na Igreja católica a “maioria dos batizados não foram suficientemente evangelizados”.

Concluo este artigo com um texto do Papa Francisco da Evangelii Gaudium.

Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos. Se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida, mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mc 6,37) (EG 49).

“Hoje exige-se o abandono deste cômodo critério pastoral: ‘fez-se sempre assim’. Convido todos a serem ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respectivas comunidades.” EG 33. Paróquia nos moldes de 10, 15 ou 20 anos atrás, não responde mais. A paróquia pode ser comparada a um grande centro hospitalar: acolhe, trata, cura, celebra e envia para os seus com uma grande missão: defender a vida e promover a fé.