A memória histórica da Diocese de Campo Mourão resgatada e celebrada por ocasião do seu Jubileu de Diamante de criação e instalação, com gratidão, paixão e esperança, foi a motivação fundamental para configuração da revista comemorativa.
Dois princípios básicos nortearam a sua elaboração: 1º Resgatar a memória histórica dos acontecimentos e protagonistas diocesanos. A perda da consciência histórica desagrega, favorece o superficialismo, desconsidera as raízes da identidade eclesial e obscurece o sentimento de pertença e reconhecimento. Lembra-nos o Papa Francisco: “Nota-se a penetração cultural duma espécie de ‘desconstrucionismo’, em que a liberdade humana pretende construir tudo a partir do zero. De pé, deixa apenas a necessidade de consumir sem limites e a acentuação de muitas formas de individualismo sem conteúdo” (Fratelli tutti, n.14). 2º Oferecer, de forma atrativa e com conteúdo, ainda que demasiadamente sintético, um subsídio de auxílio aos agentes da evangelização, nas mais diversas pastorais, movimentos e serviços, para o seu conhecimento e, sobretudo, para o seu despertar sobre a importância de registrar e bem elaborar os conteúdos eclesiais que serão de suma importância à posteridade.
A vivência do Ano Jubilar, preparada e encaminhada com esmero pelos diversos setores da animação e atividades diocesanas, tornou-se inusitada e surpreendente. Todos fomos tomados pela perplexidade ao sermos surpreendidos pela pandemia da Covid-19, deixando “a descoberto as nossas falsas seguranças” (Fratelli tutti, n.7). Foi necessário buscar novas formas de viver a fé eclesial, mesmo conectados, percebemos o quanto estamos fragmentados e insensíveis aos problemas que nos afetam, exigindo a interrupção de tantas atividades pastorais, a busca de recursos virtuais para nossa comunicação e presença, não deixando com que o medo, o isolamento e a apatia tomassem conta de nossas emoções, sentimentos e iniciativas pastorais e celebrativas.
Assim, somos impelidos a “purificar-nos nas águas do nosso batismo” e a renovar nossa fé “que da Igreja recebemos e sinceramente professamos, razão de nossa alegria em Cristo Jesus nosso Senhor”. Por isso, “sob o sinal da santa cruz”, na origem da evangelização e implantação da Igreja em nossa região e recebida pelos missionários e missionárias, revivemos a nossa história em 10 períodos: 1º Chegada dos primeiros colonizadores e evangelizadores (século XVI); 2º Implantação do sistema colonial espanhol (final do século XVI e início do século XVII); 3º Fundação das reduções e êxodo guaranítico (1609-1632); 4º Retomada da colonização (final do século XIX e início do século XX); 5º Fundação da Paróquia São José de Campo Mourão e outras paróquias (1942-1959); 6º Igreja diocesana no tempo de Dom Eliseu (1960-1980); 7º Igreja diocesana no tempo de Dom Virgílio (1981-1999); 8º Igreja diocesana no tempo de Dom Mauro (1999-2007); 9º Igreja diocesana no tempo de Dom Javier (2007-2017); 10º Igreja diocesana no tempo de Dom Bruno (2017-2020).
Diante da história da Diocese de Campo Mourão faz-se imprescindível externar o profundo anseio do salmista: “Ouço em meu coração – ‘procura a face do Senhor’. É o teu rosto, Senhor, que eu procuro!” (Sl 27,8); reviver os acontecimentos, aqueles que “nossos pais nos contaram” (Dt 26,5), aqueles dos quais nós fomos protagonistas e “disso nós somos testemunhas” (At 3,15) e aqueles que tanto nos desafiaram, instigando o nosso compromisso: “não vos canseis de fazer o bem!” (2Ts 3,13). Por isso, somos convidados a dar continuidade ao trabalho de identificação dos documentos históricos, relacionar aqueles que são significativos e de importância para a memória histórica e buscar formas para a sua conservação e valorização. Um trabalho a ser assumido em todas as comunidades e paróquias, por todos os agentes de pastoral.
Pe. Jurandir Coronado Aguilar
Autor da revista
Renan dos Santos Soiz
Diagramação e design gráfico
Padre Jurandir Coronado Aguilar
Escritor e coordenador geral do projeto
Padre Adilson Mitinoru Naruishi
Produção Editorial